caderno de agradecer
SOBRE CADERNOS DE
Eu não quero chegar ao fim. Por isso continuo.
Toda a gente odeia textos de agradecimento – e com razão. Podem ignorar à vontade. A sério, não leiam. Já sabem que vai lamechas e piroso.
Vamos lá.
A deu-me 41 cadernos. Os cadernos são incríveis, ela escreve muito melhor do que eu e eu tenho inveja disso. Odeio o caderno 26 porque é um tédio, mas sinto que eu também já tive vários cadernos 26: ridículos, embaraçosos, péssimos, lamechas. Ó folha, pálida como o meu rosto, eu não tenho coragem de enfrentar o mega-cringe! Uma vez, enfrentei, peguei nos meus cadernos e li-os: queimei-os. Fiz um vídeo, na altura (estava a sentir-me super artsy), mas perdi-o – felizmente, porque deve ser mega cringe. A não só escreve muito e bem (até quando é piroso), como tem coragem. A vergonha está nos olhos dos outros, mas eu nunca teria coragem.
A Maria Jorge nem dá para explicar. Bem, por um lado ela é um sonho de actriz, porque é óptima, e de co-criadora, porque é organizada e estuda e procura e trabalha. Por outro, é um chuchu de amor que levo deste projecto para a vida. Ainda por cima, é realmente uma co-criadora, não é só porque dá mais jeito por causa do IRS: a Maria propõe, questiona, confronta, colabora. O meu trabalho é muito melhor por causa dela.
E da Inês Maia, também, que não só valoriza o trab. das pessoas na orçamentação [muda de silde], como ajuda mesmo a construir um projecto, faz perguntas, avisa quando se calhar estamos a pôr o pé fora de campo. Fez tanta coisa ao mesmo tempo e ainda tem o dom da ubiquidade. Desta vez, caiu-lhe tudo em cima. Aproveito: Mariana nós gostamos de te ver dançar, mas não aprendemos nadinha! Volta!
Haja o que houver [ler com vozinha de Teresa Salgueiro] o Pedro Azevedo é uma maravilha, um descanso, um profissional que sabe exactamente o que faz. É doce e ao mesmo tempo é arrojado, é bonito, veste-se bem, cheira bem e faz gabardines lindas para lágrimas.
O José Alberto Gomes ainda não fez o musical – Tic tac, estamos à espera. –, mas o Zé tem a capacidade de fazer assim, “PLIM”, e acertar. Senti a pitada de Twin Peaks e era mesmo o que fazia falta. Eu não sabia dizer o que fazia falta, mas o Zé sabia fazer.
O Rui Monteiro muda de caneta, muda de slide e, na personalidade, é uma máquina de fumo – e é por não haver ninguém como ele que ele faz o que faz como faz. Uma [emoji de estrela]. Vou falar também da Teresa Antunes, que não só lida todos os dias com ser uma mulher jovem na luz [inserir eyeroll], como está neste momento a desenvolver uma técnica de encenação que vai revolucionar o teatro europeu.
Olha, Nuno Matos, eu bem posso escrever a agradecer mas nunca vai ser suficiente para tudo o que tu fazes e para as coisas que tu és. Pronto.
Rita Lagarto, obrigada pelos teus desenhos e pelo teu contributo. Ouro. JURO que não é a tua tia!
O Miguel C. Tavares veio filmar e foi love!
Fomos recebidas no Teatro Nacional D. Maria II por muitas caras, por muitas equipas, e agradecemos a todas: da equipa de figurinos, à de segurança, à de maquinaria, à de limpeza, à de produção, à administração, à frente de casa, à bilheteira, à comunicação, etc. Mas:
Não condeno essa paixããão.
Quero a Cuca em todos os meus espectáculos para sempre… É possível? Não dá para agradecer o trabalho, o cuidado e a paciência [emoji com gota], as conversas na salinha, a risota quando ainda vinha no corredor e já nos ouvia a dar tudo ao microfone - porque, por favor, desconfiem de quem consiga ver um microfone e ficar impávido e sereno, sem fazer nada.
O João é mais ou menos um monge budista no que toca a paciência para os nossos pedidos de canções constantes – e, sim, há que dizê-lo, raramente foram canções boas. Chegaram até a ser péssimas. -- Sim, vocês, Trovante. Ai Timor, a sério? -- O João só interrompia para coisas insignificantes, como testar micros e essas coisas irrelevantes. [Ler com ironia, por favor: não são nada irrelevantes!] Obrigada, João: a Mónica Sintra estará sempre contigo.
O Pedro da luz – porque já vou ao Pedro das legendas; o Pedro da luz bem pode fingir, mas nós sabemos que nos ADORA! Gosta mais de nós que do Fígados de Tigre! Não fosse a Maria esquecer-se das pilhas…
O Pedro das legendas é uma doçura, uma presença adorável e é muito forte no outfit!
Obrigada também ao Paulo, que foi passando e verificando, que foi cuidando do nosso/
Aqui chegámos:
Obrigada, Rojão. Quasimodo. Kebab. [emoji de um kebab, há?]
Até chegarmos a estrear, passámos por muitas fases. Mais agradecimentos, claro. Ai achavam que já estava? Nem pensar! Texto de agradecimento pós-espectáculo que é texto de agradecimento pós-espectáculo tem de ser enorme.
Em primeiro lugar, agradecer à Magda Bizarro e ao Tiago Rodrigues porque lêem emails, vêem vídeos, respondem a emails – até de pessoas que não conhecem de lado nenhum. A vossa curiosidade e cuidado são políticos, e fizeram a diferença desde o início. Agradeço também ao Pedro Penim, que recebeu o projecto com perguntas, com curiosidades, e nos fez sentir sempre o seu interesse e acompanhamento.
Começámos isto tudo no CAMPUS Paulo Cunha e Silva, e eu não sei os nomes da equipa toda, mas fui sempre bem recebida: é um lugar para nos cruzarmos, para termos tempo e, até, para dar pequenas festas. Obrigada à Cristina, ao Paulo, ao Bryan, e a toda a equipa de limpeza, segurança, comunicação: é bom estar aí convosco.
Plena vaga de calor, Agosto. Fomos para Montemor-o-Novo torrar – tirando o dia em que fomos “trabalhar” para as piscinas municipais que são, como diria a Maria, “um sonho”. Ou também diria “muito incríveis”. Antes de tudo, agradecer o cuidado e interesse do Rui Horta, que não abandona. Depois, a equipa toda do O Espaço Do Tempo que nos recebeu: mais uma vez, são muitos nomes para agradecer a todos, mas temos de agradecer em particular à Catarina, ao André, à Susana Picanço – se continuarem assim, de facto, em breve TODA A GENTE vai morar para Montemor-o-Novo.
O TUP - Teatro Universitário do Porto vai ser sempre uma casa.
Ah! Na folha de sala – aproveito aqui para um merci-merci à Maria João Guardão – na folha de sala esquecemo-nos: no espectáculo, há uma pequeníssima homenagem ao It’s true, it’s true, it’s true das Breach Theatre. Obrigada, manas, por tudo que nos deram.
De resto, para fazer o Cadernos de tivemos muita ajuda. Pessoas que emprestaram coisas: Ana Isabel Castro, Emanuel Pina (TNSJ), Escola das Artes da UCP, mala voadora; pessoas que receberam pessoas: Francisca Costa, João Fonte & Helena Matos, Zé Stark; pessoas que responderam a perguntas, que ajudaram a concretizar ideias: Flávio Hamilton, Joaquim Manuel Costa, Sílvia Costa, Tadeu Faustino. Agradecemos ainda a pessoas que trabalham em empresas e que – mesmo se não costumam ir ao teatro – apoiaram o teatro de outras maneiras, e responderam a mil perguntas, e refizeram vinte mil vezes orçamentos: o João Sousa da Fabricril, que fez o banco transparente e o gravador, e a Soraia Carvalho da Belbrisa, empresa que fez as cortinas. Pessoas que alombaram com o cenário: Gonçalo Gregório, Inês Maia, Sílvia Costa.
Por último – mas não para acabar – quero voltar a agradecer às candidatas à audição, porque foi nas cartas delas que os cadernos começaram, realmente, a ganhar corpo.
Há muito mais para agradecer. Mas não vou chegar ao fim. Fica assim.
Raquel
[na foto, um poema do caderno26]
Eu não quero chegar ao fim. Por isso continuo.
Toda a gente odeia textos de agradecimento – e com razão. Podem ignorar à vontade. A sério, não leiam. Já sabem que vai lamechas e piroso.
Vamos lá.
A deu-me 41 cadernos. Os cadernos são incríveis, ela escreve muito melhor do que eu e eu tenho inveja disso. Odeio o caderno 26 porque é um tédio, mas sinto que eu também já tive vários cadernos 26: ridículos, embaraçosos, péssimos, lamechas. Ó folha, pálida como o meu rosto, eu não tenho coragem de enfrentar o mega-cringe! Uma vez, enfrentei, peguei nos meus cadernos e li-os: queimei-os. Fiz um vídeo, na altura (estava a sentir-me super artsy), mas perdi-o – felizmente, porque deve ser mega cringe. A não só escreve muito e bem (até quando é piroso), como tem coragem. A vergonha está nos olhos dos outros, mas eu nunca teria coragem.
A Maria Jorge nem dá para explicar. Bem, por um lado ela é um sonho de actriz, porque é óptima, e de co-criadora, porque é organizada e estuda e procura e trabalha. Por outro, é um chuchu de amor que levo deste projecto para a vida. Ainda por cima, é realmente uma co-criadora, não é só porque dá mais jeito por causa do IRS: a Maria propõe, questiona, confronta, colabora. O meu trabalho é muito melhor por causa dela.
E da Inês Maia, também, que não só valoriza o trab. das pessoas na orçamentação [muda de silde], como ajuda mesmo a construir um projecto, faz perguntas, avisa quando se calhar estamos a pôr o pé fora de campo. Fez tanta coisa ao mesmo tempo e ainda tem o dom da ubiquidade. Desta vez, caiu-lhe tudo em cima. Aproveito: Mariana nós gostamos de te ver dançar, mas não aprendemos nadinha! Volta!
Haja o que houver [ler com vozinha de Teresa Salgueiro] o Pedro Azevedo é uma maravilha, um descanso, um profissional que sabe exactamente o que faz. É doce e ao mesmo tempo é arrojado, é bonito, veste-se bem, cheira bem e faz gabardines lindas para lágrimas.
O José Alberto Gomes ainda não fez o musical – Tic tac, estamos à espera. –, mas o Zé tem a capacidade de fazer assim, “PLIM”, e acertar. Senti a pitada de Twin Peaks e era mesmo o que fazia falta. Eu não sabia dizer o que fazia falta, mas o Zé sabia fazer.
O Rui Monteiro muda de caneta, muda de slide e, na personalidade, é uma máquina de fumo – e é por não haver ninguém como ele que ele faz o que faz como faz. Uma [emoji de estrela]. Vou falar também da Teresa Antunes, que não só lida todos os dias com ser uma mulher jovem na luz [inserir eyeroll], como está neste momento a desenvolver uma técnica de encenação que vai revolucionar o teatro europeu.
Olha, Nuno Matos, eu bem posso escrever a agradecer mas nunca vai ser suficiente para tudo o que tu fazes e para as coisas que tu és. Pronto.
Rita Lagarto, obrigada pelos teus desenhos e pelo teu contributo. Ouro. JURO que não é a tua tia!
O Miguel C. Tavares veio filmar e foi love!
Fomos recebidas no Teatro Nacional D. Maria II por muitas caras, por muitas equipas, e agradecemos a todas: da equipa de figurinos, à de segurança, à de maquinaria, à de limpeza, à de produção, à administração, à frente de casa, à bilheteira, à comunicação, etc. Mas:
Não condeno essa paixããão.
Quero a Cuca em todos os meus espectáculos para sempre… É possível? Não dá para agradecer o trabalho, o cuidado e a paciência [emoji com gota], as conversas na salinha, a risota quando ainda vinha no corredor e já nos ouvia a dar tudo ao microfone - porque, por favor, desconfiem de quem consiga ver um microfone e ficar impávido e sereno, sem fazer nada.
O João é mais ou menos um monge budista no que toca a paciência para os nossos pedidos de canções constantes – e, sim, há que dizê-lo, raramente foram canções boas. Chegaram até a ser péssimas. -- Sim, vocês, Trovante. Ai Timor, a sério? -- O João só interrompia para coisas insignificantes, como testar micros e essas coisas irrelevantes. [Ler com ironia, por favor: não são nada irrelevantes!] Obrigada, João: a Mónica Sintra estará sempre contigo.
O Pedro da luz – porque já vou ao Pedro das legendas; o Pedro da luz bem pode fingir, mas nós sabemos que nos ADORA! Gosta mais de nós que do Fígados de Tigre! Não fosse a Maria esquecer-se das pilhas…
O Pedro das legendas é uma doçura, uma presença adorável e é muito forte no outfit!
Obrigada também ao Paulo, que foi passando e verificando, que foi cuidando do nosso/
Aqui chegámos:
Obrigada, Rojão. Quasimodo. Kebab. [emoji de um kebab, há?]
Até chegarmos a estrear, passámos por muitas fases. Mais agradecimentos, claro. Ai achavam que já estava? Nem pensar! Texto de agradecimento pós-espectáculo que é texto de agradecimento pós-espectáculo tem de ser enorme.
Em primeiro lugar, agradecer à Magda Bizarro e ao Tiago Rodrigues porque lêem emails, vêem vídeos, respondem a emails – até de pessoas que não conhecem de lado nenhum. A vossa curiosidade e cuidado são políticos, e fizeram a diferença desde o início. Agradeço também ao Pedro Penim, que recebeu o projecto com perguntas, com curiosidades, e nos fez sentir sempre o seu interesse e acompanhamento.
Começámos isto tudo no CAMPUS Paulo Cunha e Silva, e eu não sei os nomes da equipa toda, mas fui sempre bem recebida: é um lugar para nos cruzarmos, para termos tempo e, até, para dar pequenas festas. Obrigada à Cristina, ao Paulo, ao Bryan, e a toda a equipa de limpeza, segurança, comunicação: é bom estar aí convosco.
Plena vaga de calor, Agosto. Fomos para Montemor-o-Novo torrar – tirando o dia em que fomos “trabalhar” para as piscinas municipais que são, como diria a Maria, “um sonho”. Ou também diria “muito incríveis”. Antes de tudo, agradecer o cuidado e interesse do Rui Horta, que não abandona. Depois, a equipa toda do O Espaço Do Tempo que nos recebeu: mais uma vez, são muitos nomes para agradecer a todos, mas temos de agradecer em particular à Catarina, ao André, à Susana Picanço – se continuarem assim, de facto, em breve TODA A GENTE vai morar para Montemor-o-Novo.
O TUP - Teatro Universitário do Porto vai ser sempre uma casa.
Ah! Na folha de sala – aproveito aqui para um merci-merci à Maria João Guardão – na folha de sala esquecemo-nos: no espectáculo, há uma pequeníssima homenagem ao It’s true, it’s true, it’s true das Breach Theatre. Obrigada, manas, por tudo que nos deram.
De resto, para fazer o Cadernos de tivemos muita ajuda. Pessoas que emprestaram coisas: Ana Isabel Castro, Emanuel Pina (TNSJ), Escola das Artes da UCP, mala voadora; pessoas que receberam pessoas: Francisca Costa, João Fonte & Helena Matos, Zé Stark; pessoas que responderam a perguntas, que ajudaram a concretizar ideias: Flávio Hamilton, Joaquim Manuel Costa, Sílvia Costa, Tadeu Faustino. Agradecemos ainda a pessoas que trabalham em empresas e que – mesmo se não costumam ir ao teatro – apoiaram o teatro de outras maneiras, e responderam a mil perguntas, e refizeram vinte mil vezes orçamentos: o João Sousa da Fabricril, que fez o banco transparente e o gravador, e a Soraia Carvalho da Belbrisa, empresa que fez as cortinas. Pessoas que alombaram com o cenário: Gonçalo Gregório, Inês Maia, Sílvia Costa.
Por último – mas não para acabar – quero voltar a agradecer às candidatas à audição, porque foi nas cartas delas que os cadernos começaram, realmente, a ganhar corpo.
Há muito mais para agradecer. Mas não vou chegar ao fim. Fica assim.
Raquel
[na foto, um poema do caderno26]