drama & fúria
drama & fúria é uma proposta de pesquisa e desenvolvimento para um projecto ainda sem futuro. Parte da ideia de fazer coexistir em cena um espectáculo e o trabalho dramatúrgico que lhe corresponde, questionando o que é a dramaturgia, a encenação, o que é um clássico, e o processo de decisão pelo qual a pesquisa se transforma em cena.
[Pensei em títulos para este projecto, mas é ainda um projecto de um projecto. Pensei “Distância”. “Hiperdistanciamento”. “Teatro clássico”. “Drama”. “Encenação”. Títulos péssimos.
Pensei em dramaturgia, mas não sei dizer o que é a dramaturgia.
Pensei na Medeia, na Antígona, e li textos e vi imagens, pensei coisas, fui ver palavras ao dicionário, e pesquisei deuses na Wikipédia. Li ensaios sobre a Antígona que falavam da desgraça do Creonte e outros que falavam do incesto e outros que falavam de anarquia e outros dos estásimos e do kommós. Pensei sobre antígonas góticas. Li a Oresteia, As Fenícias, A Trilogia Tebana. Vi clássicos “como deve ser”. Não percebi coisas: peças de três horas, ou uma frase no meio do Ésquilo.
Fiz apoios dramatúrgicos, dramaturgias, adaptações, escrevi textos, fiz pesquisas. Fiz pesquisas gigantes que sobraram. Fiz pesquisas insuficientes. Fiz pesquisas que não apareceram em cena.
Tomei decisões: escolhi pessoas, cortei, escrevi frases. Li umas coisas, mas não li outras.
Pensei nas coisas que desaparecem quando vamos para cena. Pensei em coisas de cena com significados silenciosos: adereços que referem tradições inteiras de pensamento, gestos meticulosamente estudados, assobios lidos num livro do século XVII. A dramaturgia é tudo: o que está e o que desaparece. O que é a dramaturgia? Para quem é a dramaturgia? Quando é dramaturgia?
Como é que vemos o que está em cena e o que não está, ao mesmo tempo?]
Drama & Fúria [Drama & Fury] is a research and development project with no future. It starts with the idea of making a performance coexist on stage with the dramaturgical work that leads to it, questioning what is dramaturgy, what is staging, what is a classic, and the decision process by which the research is transformed into a scene.
[I thought of titles for this project, but it's still a project of a project. I thought "Distance". "Hyperdistancing". “Classic theatre”. "Drama". “Staging”. Bad titles.
I thought of dramaturgy, but I can't say what dramaturgy is.
I thought of Medea, Antigone, and I read texts and I saw images, I thought things, I went to look at words in the dictionary, and I looked up gods on Wikipedia. I read essays on Antigone that talked about the disgrace of Creon and others that talked about incest and others that talked about anarchy and others that talked about stasis and kommós. I thought about gothic antigones. I read the Oresteia, The Phoenicians, The Theban Trilogy. I saw “proper” classics. I didn't understand things: three-hour pieces, or a phrase in the middle of Aeschylus.
I did dramaturgical support, dramaturgy, adaptations, I wrote texts, I researched. I did giant surveys that were left over. I did insufficient research. I did research that didn't appear on the scene.
I made decisions: I chose people, I made cuts, I wrote sentences. I read some things, but I didn't read others.
I thought about the things that disappear when we go to the scene. I thought of stage things with silent meanings: props that refer to entire traditions of thought, meticulously studied gestures, whistles read in a seventeenth-century book. Dramaturgy is everything: what is and what isn’t, the things that disappear. What is dramaturgy? Who is the dramaturgy for? When is dramaturgy?
How do we see what's on scene and what's not at the same time?]
Pesquisa. Research Raquel S.
com o apoio Reclamar Tempo 2022 - CAMPUS Paulo Cunha e Silva
[Pensei em títulos para este projecto, mas é ainda um projecto de um projecto. Pensei “Distância”. “Hiperdistanciamento”. “Teatro clássico”. “Drama”. “Encenação”. Títulos péssimos.
Pensei em dramaturgia, mas não sei dizer o que é a dramaturgia.
Pensei na Medeia, na Antígona, e li textos e vi imagens, pensei coisas, fui ver palavras ao dicionário, e pesquisei deuses na Wikipédia. Li ensaios sobre a Antígona que falavam da desgraça do Creonte e outros que falavam do incesto e outros que falavam de anarquia e outros dos estásimos e do kommós. Pensei sobre antígonas góticas. Li a Oresteia, As Fenícias, A Trilogia Tebana. Vi clássicos “como deve ser”. Não percebi coisas: peças de três horas, ou uma frase no meio do Ésquilo.
Fiz apoios dramatúrgicos, dramaturgias, adaptações, escrevi textos, fiz pesquisas. Fiz pesquisas gigantes que sobraram. Fiz pesquisas insuficientes. Fiz pesquisas que não apareceram em cena.
Tomei decisões: escolhi pessoas, cortei, escrevi frases. Li umas coisas, mas não li outras.
Pensei nas coisas que desaparecem quando vamos para cena. Pensei em coisas de cena com significados silenciosos: adereços que referem tradições inteiras de pensamento, gestos meticulosamente estudados, assobios lidos num livro do século XVII. A dramaturgia é tudo: o que está e o que desaparece. O que é a dramaturgia? Para quem é a dramaturgia? Quando é dramaturgia?
Como é que vemos o que está em cena e o que não está, ao mesmo tempo?]
Drama & Fúria [Drama & Fury] is a research and development project with no future. It starts with the idea of making a performance coexist on stage with the dramaturgical work that leads to it, questioning what is dramaturgy, what is staging, what is a classic, and the decision process by which the research is transformed into a scene.
[I thought of titles for this project, but it's still a project of a project. I thought "Distance". "Hyperdistancing". “Classic theatre”. "Drama". “Staging”. Bad titles.
I thought of dramaturgy, but I can't say what dramaturgy is.
I thought of Medea, Antigone, and I read texts and I saw images, I thought things, I went to look at words in the dictionary, and I looked up gods on Wikipedia. I read essays on Antigone that talked about the disgrace of Creon and others that talked about incest and others that talked about anarchy and others that talked about stasis and kommós. I thought about gothic antigones. I read the Oresteia, The Phoenicians, The Theban Trilogy. I saw “proper” classics. I didn't understand things: three-hour pieces, or a phrase in the middle of Aeschylus.
I did dramaturgical support, dramaturgy, adaptations, I wrote texts, I researched. I did giant surveys that were left over. I did insufficient research. I did research that didn't appear on the scene.
I made decisions: I chose people, I made cuts, I wrote sentences. I read some things, but I didn't read others.
I thought about the things that disappear when we go to the scene. I thought of stage things with silent meanings: props that refer to entire traditions of thought, meticulously studied gestures, whistles read in a seventeenth-century book. Dramaturgy is everything: what is and what isn’t, the things that disappear. What is dramaturgy? Who is the dramaturgy for? When is dramaturgy?
How do we see what's on scene and what's not at the same time?]
Pesquisa. Research Raquel S.
com o apoio Reclamar Tempo 2022 - CAMPUS Paulo Cunha e Silva